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sexta-feira, 22 de junho de 2018

SONETO III

É um finíssimo extrato, cobiçado e raro,
Guardado num vidrinho bem pequeno;
Para senti-lo nem é preciso ter bom faro,
Mas sentimento largo e coração ameno.

Tem o apreço do leitor em toda parte,
(O sentimento, a métrica, sonoridade)...
E se for composto com capricho e arte 
Pode até ficar para a posteridade.

Pelos rigores técnicos que se lhe impõem
Raríssimos poetas ainda se dispõem
Porque para compô-lo se há de ter estudo...

E o primeiro entrave nesse passa a passo:
- No cérebro, o mundo; um pequeno espaço,
Mas nesse curto espaço ter que dizer tudo.

quarta-feira, 6 de junho de 2018

SONETO II

Seu corpo etéreo, porém, há de ter alma,
O deslizar sereno, cadenciado sob a mata;
Precipitar-se rápido, ao chegar com calma,
Como água ao despencar de uma cascata...

E o grande estrondo de seu véu de espuma,
A preencher imenso abismo num segundo,
Milhões de gotas a espalhar, uma por uma,
As quais se juntam novamente lá no fundo...

Corpo e alma - agora em forma de fumaça,
- De braços com a neblina que os abraça,
Lentamente se elevam em direção ao céu...

Se a visão do poeta nesta hora for escassa,
Não souber recolher a inspiração que passa,
Não vê fumaça, estrondo, muito  menos véu.

terça-feira, 5 de junho de 2018

SONETO I

O soneto  na poesia é um diamante raro,
Possui um toque de nobreza inebriante;
Prestigiado, elegante, fino trato e caro,
Com carisma sedutor de mil amantes.

Deve ser composto com capricho e arte,
Na medida certa, sem carência ou sobra:
Dois quartetos, quatro versos cada parte;
Mais dois tercetos, terminando a obra.

Sentimento, cadência e linguagem clara,
Intercalada ou seguida a rima rica e rara
Conforme ensinam autores mais diversos...

Tudo isso, no entanto, há de ser disposto
Com elegância, concisão e fino gosto,
No pequeno espaço de catorze versos.